segunda-feira, 23 de julho de 2012

Biomas brasileiros


Bioma é conceituado no mapa como um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.
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Mata Atlântica

A Mata Atlântica, originalmente, estendia-se por mais de 4000 quilômetros, representando cerca de 8,5% do território nacional. Ocupava uma faixa próxima ao litoral, que se prolongava até o interior em algumas regiões, e se estendia do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Hoje restam somente 7% da área original.
Esse bioma tem por principal característica sua biodiversidade. O número de espécies endêmicas é alto, especialmente em árvores e bromélias. Existe também uma grande biodiversidade de animais vertebrados e invertebrados. É considerado o bioma de maior biodiversidade do mundo.
O clima e a temperatura variam de acordo com a região. A mata, em geral, é fechada, mas devido à sua grande extensão territorial, apresenta variações, especialmente nas regiões interioranas, que apresentam florestas semidecíduas. Em regiões elevadas, há o predomínio da mata de araucária. A restinga é outro exemplo de vegetação típica associada à Mata Atlântica. É uma área de floresta baixa de arbustos e árvores, que se mistura a brejos e lagoas, separando o mar das regiões de mata mais densa. É muito comum no Estado do Rio de Janeiro.
A exploração sempre marcou a Mata Atlântica, desde o início da colonização. A extração de madeira, especialmente do pau-brasil, os ciclos do açúcar e café e o desmatamento para instalação de indústrias são eventos de nossa história que contribuíram para a degradação desse bioma. A extração do palmito Juçara (Euterpe edulis) para consumo e o tráfico de animais silvestres são exemplos de problemas atuais que devem ser combatidos. Ainda assim, existem vitórias na preservação da Mata Atlântica. As taxas de desmatamento caíram nas últimas duas décadas e a área de florestas protegidas quintuplicou, além do estabelecimento oficial em 1992, pela UNESCO, da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. A sociedade, organizando-se com a ajuda de ONGs, é responsável em promover esforços para preservação desse importante bioma.

Cerrado
 
O cerrado, conhecido como a “savana brasileira”, é um bioma que originalmente cobria cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 22% do território brasileiro. Localiza-se principalmente na região central do país, compreendendo parte dos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e São Paulo. Existem também pequenas áreas em outros locais.
O clima tropical, de altas temperaturas, com uma forte estação seca, é típico desse bioma. O solo possui pH baixo, baixa fertilidade, um alto nível de alumínio e pouca disponibilidade de água na superfície, restringindo a sobrevivência apenas às espécies adaptadas. Dessa forma, o cerrado apresenta uma vegetação adaptada à escassez de nutrientes, com caules e ramos tortuosos, cascas e folhas grossas, e as raízes podem atingir grande comprimento. As árvores podem também ser decíduas, perdendo as folhas na estação seca. As queimadas são freqüentes na estação seca, sejam elas naturais, sejam provocadas pelo homem.
O cerrado, assim como a Mata Atlântica, não é homogêneo. Ele pode apresentar desde um aspecto de “floresta”, o chamado cerradão, passando por formas intermediárias, como o cerrado propriamente dito, até um aspecto de campo, com gramíneas e poucas árvores, o chamado campo limpo.
A biodiversidade da flora é alta, assim como a da fauna, com um grande número de formigas e cupins. Existe grande endemismo nas plantas superiores, e hoje sabe-se que também para a fauna. Vale lembrar que o cerrado é considerado um hotspot.
A agricultura, especialmente a cultura da soja, do milho e de vários cereais, assim como a pecuária têm sido responsáveis pela rápida devastação desse bioma. Estima-se que, em 2002, mais de 55% da área originalmente ocupada pelo cerrado já havia sido transformada ou destruída para uso humano, num ritmo de destruição maior do que o encontrado na floresta amazônica. Um dos motivos é que a legislação é mais branda na proteção desse bioma.
Apenas nos últimos anos tem sido feito um esforço maior para a preservação do cerrado. Foram criadas algumas unidades de conservação, mas em poucas o cerrado é o bioma predominante e a falta de fiscalização e marcação territorial precisa é um problema. ONGs têm trabalhado em projetos de conservação importantes. Mesmo assim, o cerrado merece uma maior atenção em sua conservação.

Pantanal
 
O Pantanal é uma grande planície alagável localizada na região centro-oeste dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É a maior área alagada da América do Sul e do mundo.
Devido à sua localização no centro do continente, o Pantanal é um ponto de encontro entre diversos biomas, entre eles a Amazônia, o Cerrado e o “Chaco” boliviano e paraguaio. É possível, portanto, dentro do Pantanal, encontrarmos fauna e flora típicas desses 3 biomas.
A região possui chuvas abundantes no final da primavera e verão, ocasionando o alagamento de grandes áreas (em anos de chuva intensa, cerca de 78% da área do Pantanal pode ficar temporariamente alagada), e clima seco no restante do ano. Nesse período seco as áreas alagadas vão secando, formando lagoas, fundamentais para a sobrevivência da flora e fauna pantaneira. Então um novo período de chuvas chega, e o ciclo continua.
O Pantanal também possui grande biodiversidade, totalmente adaptada às mudanças entre os períodos alagados e secos, com fartura de vegetação e fauna aquática. Entretanto, é a densidade da fauna que chama a atenção, especialmente na época seca, quando se aglomeram próximos às lagoas. O número de espécies endêmicas, porém, é baixo, não ultrapassando 5% do total.
O difícil acesso à região protegeu-a de um grande impacto humano. A pecuária é forte, porém não é considerada prejudicial. Os maiores problemas são a pesca e caça predatória, o tráfico de animais silvestres e a poluição das águas dos rios que deságuam na região. O potencial de crescimento para o turismo ecológico é enorme.
Existem Parques, Estações Ecológicas e algumas Reservas Particulares em toda a região. A UNESCO também já declarou o Pantanal como “Reserva da Biosfera”.

Caatinga

A Caatinga é uma área de aproximadamente 800.000 quilômetros quadrados localizada na região nordeste do Brasil. Abrange os Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, além de algumas áreas da Bahia, Alagoas, Pernambuco e Sergipe. Localiza-se entre a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e o Cerrado.
As temperaturas, em geral, são altas, e as chuvas são escassas, concentradas principalmente nos meses de verão. Os solos são pedregosos e secos, ocasionando uma rápida evaporação das águas. Os rios e cursos d´água, na sua maioria, são intermitentes, ou seja, secam por um período de sete a nove meses do ano e reaparecem na época de chuva. Quando chove, a paisagem muda rapidamente. As árvores cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas.
Há várias fisionomias de Caatinga, desde a florestal até a herbácea, passando pela Caatinga arbustiva.
A biodiversidade de flora é média, e a vegetação em geral é xerofítica, ou seja, adaptada à escassez periódica da água, como no cerrado. O endemismo nas plantas superiores chega a 30%. A fauna, por sua vez, é relativamente pobre, se comparada à de outros biomas. Os animais aproveitam o período de chuvas para reprodução e engorda.
Não se sabe ainda a importância do impacto humano na Caatinga. Estima-se que entre 30 e 50% da região já foi alterada pelo homem, e o restante do bioma é bastante fragmentado. É uma região pouco estudada e pouco habitada, com projetos de desenvolvimento falidos e abandonados. As unidades de conservação são poucas, espalhadas e cobrem uma pequena área territorial, tornando a caatinga o bioma de menor área protegida entre os biomas brasileiros.
 
Floresta Amazônica

A Floresta Amazônica é um enorme e complexo bioma que se estende por toda a Região Norte do país e em partes das regiões Nordeste e Centro-Oeste, além de oito outros países.
O clima é quente e úmido durante todo o ano, não ocorrendo sazonalidade. A vegetação é extremamente diversificada:

- Matas alagadas: são área de floresta inundadas pelo pelos rios da bacia Amazônica. Subdividem-se em dois tipos: as chamadas várzeas (com solo mais rico, maior biodiversidade, áreas ora alagadas, ora não, com vegetação herbácea no solo) e as florestas de igapó (com solo mais pobre, menor biodiversidade, em geral alagadas permanentemente, sem vegetação herbácea no solo);
- Florestas de terra firme: a típica floresta amazônica, úmida, com vegetação alta e densa, de grande biodiversidade;

Ainda encontramos regiões de floresta semidecídua, de cerrado, campos rupestres (bioma típico de altas atitudes, em geral acima de 900 metros de altura, que ocorre em algumas regiões do Brasil), o cipoal (vegetação com muito cipós associda à locais com jazidas de ferro e alumínio) e o babaçual (local com predominância de palmeiras, que serve de transição entre a Floresta Amazônica e a Caatinga), entre outros.
A biodiversidade é enorme, tanto da flora quanto da fauna. A região apresenta grandes áreas de endemismo, e muitas espécies ainda não foram sequer descritas pelo homem. O potencial para descobertas científicas é vasto. É difícil mensurar a importância e o tamanho da biodiversidade amazônica.
O que é facilmente mensurável é o tamanho da devastação. Até o ano de 2003, estima-se que cerca de 16% da área total da Floresta Amazônica no Brasil já havia sido devastada. Em média, uma área do tamanho da Bélgica é derrubada todo ano.
O número de unidades de conservação na Amazônia é alto, assim como o de projetos conservacionistas executados por ONGs. O problema na região é a falta de fiscalização, seja pelo baixo número de fiscais, seja pelo grande número de locais de difícil acesso. É necessário um maior investimento na fiscalização para que os esforços de preservação comecem a surtir efeitos, e para que o ritmo de devastação comece a diminuir.

Campos Sulinos

Os campos sulinos localizam-se no Estado do Rio Grande do Sul e se estendem até o Uruguai e a Argentina. São conhecidos como "pampas", termo indígena que significa "terra plana".
O clima é quente durante o verão, enquanto no inverno as temperaturas são baixas e chove mais. A vegetação predominante é de gramíneas e leguminosas, com a presença de alguns arbustos. Existem também pequenas regiões de florestas estacionais e, próximo aos planaltos, os campos tem o aspecto de savanas abertas.
A biodiversidade concentra-se especialmente na fauna, contando com espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção e migratórias. O endemismo em mamíferos chega a 39% das espécies.
O impacto humano nos campos sulinos é grande. A pecuária é forte, e as queimadas nas pastagens impedem o crescimento da vegetação. Além disso, as culturas de milho, trigo, arroz e soja cresceram rapidamente, diminuindo a fertilidade dos solos e aumentando a erosão.
Unidades de conservação vêm sendo implantadas ultimamente para a proteção desse bioma.
 
Biomas Costeiros

O bioma costeiro é um mosaico de ecossistemas encontrados ao longo do litoral brasileiro. Manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, brejos, recifes de corais e outros ambientes importantes exemplificam a diversidade de ecossistemas que podemos encontrar. Cada um deles é formado por características regionais e únicas. Algumas regiões da costa brasileira apresentam características mais marcantes, segundo o IBAMA:

- o litoral amazônico apresenta grandes manguezais, assim como dunas e praias. Possui uma rica biodiversidade em espécies de crustáceos, peixes e aves;
- o litoral nordestino é marcado por recifes, dunas, manguezais, restingas e matas;
- o litoral sudeste é muito recortado, com várias baías e pequenas enseadas. Tem por principais características os recifes, as praias e especialmente a mata de restinga;
- o litoral sul possui muitos manguezais, e é especialmente rico em aves.

O manguezal, como visto acima, é um dos principais ecossistemas da costa brasileira. Caracteriza-se por ser uma formação de árvores, na região entre-marés, extremamente adaptada à sobrevivência em substrato lodoso e a água salgada. É um habitat muito procurado pela fauna marinha, pois é utilizado para a procriação e crescimento de filhotes de vários animais, como rota migratória de aves e alimentação de peixes. Além disso, os mangues colaboram para o enriquecimento das águas marinhas com sais, nutrientes e matéria orgânica
Estima-se que, na época do descobrimento do Brasil, entre 60 e 70% da costa era dominada por esse tipo de vegetação. Hoje os manguezais ocupam apenas entre 20 e 30% da costa.
O mosaico de ecossistemas do bioma costeiro é riquíssimo em biodiversidade. Os maiores problemas enfrentados por esse bioma são a poluição, causada principalmente pelo despejo de esgoto de cidades litorâneas, e a pesca predatória. Muitas áreas vêm sendo protegidas por unidades de conservação, como o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, na Bahia, e o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, em Pernambuco, mas a extensão territorial protegida ainda não é suficiente. Os manguezais são protegidos por legislação federal, mas a fiscalização é precária. Assim como em outros biomas, a conservação desse bioma brasileiro pode e deve ser melhorada.
Para aprofundar seus conhecimentos, visite a página do Projeto Ecossistemas Costeiros.
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